2010, 1ª edição, 200 p., 16 x 23 cm
DESCRIÇÃO:
Reúnem-se aqui 13 ensaios sobre o impulso que dinamizou a escrita de determinadas narrativas, nomeadas por Lucia Helena de ficções do desassossego, envolvendo questões decorrentes do que se viveu nas duas últimas passagens de século. Sem deixarem de se articular em diversos momentos com pesquisas e livros anteriores da autora, eles trazem consigo as marcas de um frutífero diálogo mantido pela literatura com as transformações econômicas e sociais ocorridas, sobretudo, nas últimas quatro décadas.
Os ensaios reinvestem tramas que requisitam as matrizes realistas e experimentais dos mais bem-sucedidos romances modernistas e discutem a dificuldade de escrever acerca de uma realidade que resiste à representação. Ao tratar de temas que afligem a sociedade atual, sublinham a extrema violência espalhada por toda parte e, em particular, a banalização do mal. Esta tem recebido desmedida invulgar, bem como assumido as mais variadas formas de expressão, ora gerando o contato com o grotesco e o abjeto, ora revelando que, no que respeita ao direito de viver, determinadas vidas valem hoje mais do que outras. Algumas vezes, chega-se assim a retomar uma das figuras do direito romano antigo, o homo sacer, que podia ser morto sem que isso fosse considerado crime pela comunidade.
Trata-se, portanto, de um livro não só original, como também muito bem construído, que acolhe, lê e interpreta ficções instigantes porque abordam o exílio tanto dos homens quanto do direito e da ética na terra de ninguém de um desejo de progresso técnico e econômico, sucesso e celebridade, focalizados como ambições que, para serem atendidas, se valem de quaisquer meios e reivindicam a suspensão do estado de direito. Por essa razão, analisar essas ficções também é abordar o conflito social em suas várias manifestações e em sua relação com o pensamento trágico, outra maneira de dizer que a tematização das transformações pelas quais passa o mundo gerou a perplexidade de intelectuais vinculados à atividade literária. Por terem posto na pauta de sua escrita a intenção de expressar a dor, a falha trágica, a desmedida e a solidão dos homens, os escritores aqui elencados permitiram que os temas e problemas em jogo nas últimas décadas gerassem a forma e o conteúdo de obras que examinam, com aguda sensibilidade, os incontornáveis vínculos entre o ser e o estar no mundo. — Irenísia Torres de Oliveira
Lucia Helena
Professora Titular na Universidade Federal Fluminense, Professora aposentada de Teoria da Literatura da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisadora 1-A do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Doutora em Teoria da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1983), com pós-doutorado em Literatura Comparada pela Brown University, Estados Unidos (1989). Autora, entre outros livros, de A cosmo-agonia de Augusto dos Anjos (1984, 2ª ed.), Totens e tabus da modernidade brasileira (1985), Tomás Antônio Gonzaga (2004) e A solidão tropical: o Brasil de Alencar e da modernidade (2006). Fundou em 1995 o Grupo de Estudos Nação e Narração, vinculado ao Diretório Nacional de Grupos de Pesquisa do CNPq.
Sumário ¯ Apresentação ¯
A Contra Capa, fundada como livraria em 1992, iniciou suas atividades editoriais em dezembro de 1995. Essas atividades, baseadas inicialmente em suas áreas de especialização, se diversificaram e, hoje, incluem a edição de livros de arquitetura, artes plásticas, cinema, ciências humanas, crítica literária, filosofia, fotografia, história, literatura, poesia, psicanálise e teatro.
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